29 de junho de 2013

SOU CONTRA O PLEBISCITO

Serrano Neves

Refleti muito e posicionei-me contra o plebiscito por ter concluído que cinco pontos não definem uma reforma política e a reposta abrirá cinco universos vazios a serem preenchidos como "eles quiserem".

E também porque quanto mais forem os cinco pontos desdobrados em subpontos a complexidade resultante o transformará numa prova de múltipla escolha com alta probabilidade de produzir respostas aberrantes.

Já demonstrei em outra postagem que a lógica para solução de equações em que as variáveis são condicionantes encadeadas (sistema político) é a Lógica Booleana, pela qual uma variável com valor zero resolve a equação em zero.

O risco é a construção de uma coluna vertebral na qual faltem vértebras para garantir sua integridade e as falhas sejam preenchidas por próteses "variáveis" demais ou "fixas" demais, comprometendo a capacidade e a flexibilidade para o exercício democrático.

Não confio que quem governou mal a ponto de levar o povo às ruas saiba o que fazer para governar bem, e se souber é porque sonegou seu bom serviço ao Brasil.

O Brasil não tem cidadãos "reais" porque o governo sempre sonegou informações para a formação da cidadania, logo, o plebiscito será um "milagre": cidadãos no "papel" sendo alçados a cidadãos "reais" por decreto.

Não é culpa do povo, mas o Brasil foi transformado num país em que cada balcão de comércio ostenta um exemplar do Código do Consumidor, e nenhuma repartição pública ostenta uma Constituição.

Sim, existe uma grande massa de brasileiros aos quais declino respeito pela virtude da gratidão: sempre votarão em favor dos seus benfeitores.

Deveras! Acreditem! ao longo de mais de 500 anos o governo não cuidou de formar cidadãos "reais", e o plebiscito será antecedido por um Cursinho Superintensivo de Cidadania, após o qual os votantes serão chamados para escolher as "marcas" ou "grifes" ofertadas, sem que algum certificado de garantia tenha sido apresentado.

O povo está querendo coisa melhor e está preparado para receber coisa melhor. Então, cuidem de demonstrar a competência "nunca dantes demonstrada" elaborando uma proposta decente e colocando-a em consulta aberta para que a sociedade, organizada ou simplesmente polarizada, possa contribuir tanto com sua expertise quanto com sua vocação para simples construtores da sociedade livre, justa e solidária.

Cidadão! o despertador tocou, acorde!