22 de setembro de 2012

A PRESIDENTE(A) E O TRÂNSITO




Leio na mídia que a Presidente (ou Presidenta como ela prefere) defende penas maiores para reduzir o número de mortes em acidentes de trânsito, ao mesmo tempo em que reclama mais segurança para os veículos e aponta que o governo já dá sua contribuição melhorando o sistema viário.

De plano é visto que os sistemas viários urbanos - de responsabilidade municipal - são de quase impossível intervenção para melhorias que exijam desmonte, dado que os custos são estratosféricos, enquanto facilitar a compra de veículos pode ser implementada por um golpe de caneta que diminua os impostos e os juros do crédito.

De 1998 - ano do novo CTB - a taxa de mortes por 100 mil veículos diminuiu de 99,8 para 66.0 em 2010, e nesse mesmo período o número absoluto de mortes cresceu de 30.890 para 42.884, enquanto a a taxa de mortes por 100 mil habitantes manteve a mediana abaixo dos extremos (22,3/22,4).

Do ponto de vista sistêmico os veículos estão matando menos e as pessoas estão morrendo a mesma coisa.

Do ponto de vista econômico, porém, as perdas com as mortes podem ter subido de 30 para 40 bilhões de dólares anuais, além do aumento dos gastos com o tratamento das sequelas e a sobrecarga do sistema público de saúde.

Deveras interessante é saber que a taxa de homicídios por 100 mil habitantes, no mesmo período, subiu da casa dos 22 para a casa dos 25, e os números absolutos de 43.360 para 52.260.

Diferença absoluta no trânsito da ordem de 12.000 e nos homicídios na casa de 9.000.

As mortes por homicídos parecem ser mais impactantes do que as do trânsito, pois nunca se investiu tanto nos recursos humanos e materiais para colocar a polícia nas ruas para prevenir a violência à pessoa, enquanto a violência no trânsito fica por conta de "olhos mecânicos/eletrônicos" capazes de mostrar com precisão digital: "ih! ja era!

Deveras estamos sendo enganados - e não estou duvidando da boa fé da Presidente(a) - pois se as mortes causadas por veículos são decorrentes da falta de educação para o trânsito e da degradação do sistema, as mortes por homicídio são decorrentes da falta de educação para a vida em sociedade e da degradação do sistema, não tratada a hipótese de os problemas no  sistema de trânsito serem consequência dos problemas do sistema social.

E, desta sorte, os indicadores são de que tudo que seja feito de bom para o trânsito pode significar simplesmente um começar de novo, ou um alívio até que que tudo fique igual de novo enquanto as taxas de homicídito "na bala" continuarão crescendo.

***(Os números são do site http://www.institutoavantebrasil.com.br)

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